Municípios que recebem projeto aumentam cobertura vacinal contra HPV em até 1.900%

Gestora do Centro de Diagnóstico do Câncer atesta efeito da iniciativa idelizada pelo MPPB na melhoria da qualidade de exames preventivos
Os 18 municípios nos quais foi concluído o segundo ciclo do projeto “Proteja Esse Colo”, do Ministério Público da Paraíba (MPPB), apresentaram aumento de até 1900% na cobertura vacinal contra o papilomavírus humano (HPV), considerando as 1ª e 2ª doses para meninos e meninas, ou, pelo menos, em uma das doses e para um dos públicos. Essa medição comparou a situação em dois momentos: junho de 2023 e março de 2024. Além disso, foi observada uma melhora da oferta e da qualidade dos exames preventivos de câncer de colo de útero nos municípios, a partir da atuação dos executores da intervenção estratégica. O projeto é um dos seis que estão rodando as cinco microrregiões do Estado (divisão geográfica válida no âmbito do MPPB).
De acordo com a promotora de Justiça, Fabiana Lobo, gestora do projeto e coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Saúde, busca-se elevar a cobertura vacinal contra o HPV, causador do câncer de colo de útero, que deve ser feita entre 9 e 14 anos, alcançando esse público antes da iniciação da vida sexual, quando ainda não tiveram contato com o vírus. A meta é imunizar, pelo menos, 80% desse público, mas, em dezembro de 2022, apenas 55 dos 223 municípios haviam alcançado esse indicador. O outro foco é a realização de fiscalizações nas unidades de saúde, verificando equipamentos, insumos e materiais para a realização dos exames citológicos.
“É um câncer evitável com medidas simples, como vacinação e exames preventivos de boa qualidade. Esse projeto é justamente para compelir os municípios a executarem as ações que são essenciais para a prevenção da doença. O projeto tem sido executado por vários promotores de Justiça (membros do MP que têm atribuições para atuar nos municípios) e tem gerado resultados muito positivos. Nossa expectativa é que os gestores e os profissionais de saúde continuem adotando as boas práticas mesmo depois de findado o projeto nessas áreas, porque são ações simples que podem prevenir muito sofrimento”, destacou Fabiana Lobo.
Municípios, resultados e promotores
Os municípios nos quais o projeto foi executado no segundo ciclo são: Água Branca, Catingueira, Coremas, Imaculada, Juru, Malta, Manaíra, Passagem, Patos, Piancó, Princesa Isabel, Quixaba, Santa Teresinha, São Bentinho, São Domingos, São José de Princesa, São Mamede e Tavares. Nesses, as médias de aumento da cobertura vacinal contra o HPV foram: 171% (1ª dose/meninos) 272% (2ª dose/meninos), 348% (1ª dose meninas) e 352% (2ª dose/meninas).
Dentre esses, alguns se destacam pelo percentual de aumento da cobertura. Manaíra, por exemplo, teve um crescimento de 2.700% na cobertura da primeira dose para meninas entre 9 e 14 anos. Com as duas doses, o município vacinou 100 meninos e meninas, contra apenas quatro imunizações verificadas até então. Já Patos registrou aumento na cobertura das duas doses para os dois públicos, variando de 350% (primeira dose para meninos) a 669% (segunda dose para meninas), vacinando um total de 474 pessoas.
Nesse ciclo, o projeto foi executado pelos promotores de Justiça: Carlos Davi Lopes Correia Lima (município de Passagem), Eduardo Barros Mayer (Princesa Isabel), Eduardo Luiz Cavalcanti Campos (Patos), Elmar Thiago Pereira de Alencar (Imaculada), José Antônio Neves Neto (Malta), Larissa de França Campos (Quixaba), Leidimar Almeida Bezerra (São Mamede), Rebecca Braz Vieira de Melo (São Domingos), Thomaz Ilton Ferreira dos Santos (São Bentinho), Vanessa Bernucci Pistelli (Piancó) e Wander Diogenes de Souza (Coremas).
Qualidade dos exames
A diretora-geral do Centro Especializado de Diagnóstico do Câncer da Paraíba (CEDC), Roseane Soares da Nóbrega Machado, atestou que, após a parceria estabelecida com o MPPB, por meio do Projeto Proteja Esse Colo, observou-se uma mudança bastante positiva e gradativa na qualidade da oferta do exame de rastreamento do câncer de colo de útero nos municípios paraibanos que os referenciam para o CEDC, favorecendo, assim, o acesso de mulheres ao citológico, possibilitando o diagnóstico precoce da lesão.
“Além do aumento quantitativo dos exames mensais encaminhados, observamos também o aumento qualitativo nas amostras biológicas recebidas no laboratório, como resposta positiva do indicador de qualidade estabelecido pelo Ministério da Saúde, que é a adequabilidade da amostra, em que se mede o grau de aceitação das lâminas coletadas pelos profissionais das equipes de Saúde da Família. Esses pontos foram consideravelmente melhorados com o apoio do MPPB chegando junto nessa luta constante que é não somente aumentar o número de exames, mas sobretudo qualificar a oferta do mesmo”, disse Roseane Machado.