MPPB e Unipê concluem piloto do projeto Florescer Mulheres, em JP
Terminou, nesta quinta-feira (2), a experiência piloto do Projeto Florescer Mulheres, idealizado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB), em parceria com o curso de Psicologia do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê). Seis mulheres vítimas de violência doméstica e familiar encaminhadas pela promotora auxiliar da Promotoria de Justiça de Defesa da Mulher da Capital, Dulcerita Alves, participaram de cinco oficinas operativas, em que elas foram se conscientizando sobre o fenômeno da violência doméstica e sobre estratégias para romper com esse ciclo.
As oficinas operativas foram ministradas por estudantes do último período do curso de Psicologia do Unipê, sob a supervisão da professora Leda Maia, doutoranda em violência doméstica. A cada semana, as mulheres participavam de uma oficina, na sede das promotorias de Justiça, localizada no Centro de João Pessoa. As escutas se davam de forma individualizada e também em grupo. “Essas mulheres foram selecionadas porque foi identificado que, de alguma forma, elas precisavam de ajuda psicológica. A partir dessas oficinas, elas passaram a se reconhecer como vítimas e não como responsáveis pela violência que viviam, porque é comum que muitas se sintam culpadas e responsáveis pelas agressões sofridas”, explicou a promotora Dulcerita Alves.
Além de trabalhar a conscientização das mulheres sobre o fenômeno da violência doméstica e familiar, as oficinas trabalharam a autoestima e mostraram caminhos que podem ser percorridos para que o ciclo da violência seja interrompido. “Ao perceberem que elas são vítimas, que essa violência acontece com outras mulheres e que elas não estão sozinhas, que têm a quem recorrer para procurar ajuda, essas mulheres se sentem fortalecidas e se tornam, inclusive, multiplicadoras, auxiliando no enfrentamento à naturalização da violência, que também atinge os filhos e as filhas dessas mulheres”, destacou a promotora.
Para combater um dos principais motivos que levam muitas mulheres a se submeterem ao contexto da violência doméstica – a dependência financeira -, o projeto também firmou parceria com a Associação das Esposas dos Magistrados da Paraíba. “As mulheres que participaram do projeto e que quiserem serão encaminhadas para grupos profissionalizantes promovidos pela associação, para que elas possam se profissionalizar e se inserir no mercado de trabalho”, acrescentou a promotora.
Florescer Mulher
O projeto Florescer Mulher é gerido pela coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa da Cidadania e Direitos Fundamentais do MPPB, a promotora de Justiça Elaine Alencar.
Segundo ela, a ideia nasceu a partir da experiência com os grupos reflexivos desenvolvidos pelo MPPB com homens envolvidos no contexto da violência doméstica e familiar. “Percebemos a necessidade de ações que alcancem concreta e individualmente a mulher que sofreu a violência. Além disso, pensamos que a iniciativa pode ser mais uma porta de entrada à mulher violentada no sistema de proteção, pois ainda hoje é grande o número de vítimas que deixa de procurar os serviços que estão disponíveis para o acolhimento e acompanhamento da mulher que sofreu violência no âmbito doméstico ou familiar. Nossa pretensão é levar a execução do Projeto Florescer Mulheres para todas as promotorias do Estado. Já estamos elaborando a programação do projeto para disponibilizar, ainda em maio, aos promotores de Justiça que quiserem implementar a iniciativa em outros municípios”, explicou.
O segundo grupo de oficinas operativas começará no próximo dia 9 de maio, no prédio das promotorias de Justiça, na capital. Vinte mulheres devem participar do projeto.