Rede Carolinas de Bayeux recebe capacitação para implantar Projeto Refletir no município
O Ministério Público da Paraíba viabilizou uma capacitação online para integrantes da coordenação da Rede de Proteção à Mulher Carolinas de Bayeux voltada à implantação do Projeto Refletir naquele município. A Lei 13.984/2020 instituiu a obrigatoriedade de grupos reflexivos para homens processados com base na Lei Maria da Penha, que até abril deste ano, era opcional. O projeto existe no âmbito do MPPB, desde 2018, e já contou com a participação voluntária de mais de 70 homens de três municípios. Como, agora, é imperativo legal, devem ser criados outros grupos na Paraíba e a Carolinas deve ser responsável pelo primeiro serviço de Bayeux.
O encontro foi realizado na noite dessa terça-feira, através de videoconferência, organizada pela Promotoria de Justiça de Bayeux e pelo Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf). a promotora de Justiça, Fabiana Lobo, abriu o evento dando as boas-vindas aos participantes. A capacitação foi conduzida pela promotora de Justiça Dulcerita Alves e pela psicóloga Leda Maia, que mostraram o passo a passo para a criação dos projeto, contaram suas experiências e resultados obtidos no sentido de contribuir para o encerramento do ciclo da violência, através da conscientização e da mudança de atitude dos homens em relação à violência doméstica.
Fabiana explicou que a Rede Carolinas - que foi criada recentemente e batizada com o nome em homenagem a um flor da região delicada e resistente - pleiteou a capacitação para criação de grupos reflexivos para homens. “A entidade Serviço Pastoral dos Migrantes do Nordeste será a facilitadora do projeto. Para isso, haverá a assinatura de um termo de cooperação entre o Ministério Público e a Pastoral e, partir dessa formalidade, serão selecionados os homens com o perfil para participação nos grupos reflexivos. O projeto Refletir vai ser de extrema importância para a cidade, que tem números altos de violência doméstica”, disse, acrescentando que, na segunda-feira, os integrantes da rede também receberam capacitação da Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana sobre os serviços e equipamentos existentes para a defesa e proteção das vítimas de violência.
Solução para um mundo menos violento
A promotora de Justiça Dulcerita Alves, idealizadora e gestora do projeto Refletir, agradeceu a confiança da rede e elogiou o empenho dos atores para se capacitarem e atuarem nessa área. “Durante a capacitação, vi que os futuros facilitadores são bastante experientes na prática da redução da violência. Estavam muito interessados em iniciar logo o Projeto Refletir, o que mostra que essa prática restaurativa só tende a aumentar a redução da violência. Saí do evento feliz, grata e com a sensação de pertencimento; com a certeza que o mundo está mudando, que o atendimento humanizado a pessoas em contexto de violência doméstica é a solução para um mundo menos violento”, afirmou.
De acordo com a promotora, este ano, em virtude da pandemia não foi realizado ainda nenhum grupo reflexivo do Refletir nem do Florescer (grupo para mulheres vítimas de violência). “Mas o interessante é que mesmo assim, fomos procurados por alguns promotores de Justiça no intuito de criar grupos em suas comarcas, o que se potencializa pela entrada em vigor da Lei 13.984, de 3 de abril de 2020, que instituiu os grupos reflexivos como obrigatórios. Então, estamos vendo que essa fase pode ser importante para a preparação e capacitação de novas equipes. O Projeto Refletir já atendeu mais de 70 homens, nos municípios de João Pessoa, Campina Grande e Patos. Em breve disponibilizaremos o primeiro curso EAD sobre Grupos Reflexivos, para que as barreiras geográficas não sejam mais empecilho para a criação desses grupos”, disse.
Entusiasmo e interesse
A psicóloga Leda Maia, que é professora do Unipê (centro universitário que tem convênio com o MPPB para a execução do Refletir) falou de como ocorre cada um dos encontros com os homens, quais as abordagens feitas, os objetivos a serem alcançados e respondeu perguntas dos participantes. A discussão se estendeu por mais de uma hora com os futuros facilitadores se mostrando curiosos, interessados e estimulados a começarem o projeto.
Ao final, a coordenadora do Ceaf, a promotora de Justiça Renata Luz fez os agradecimentos e falou da importância do projeto. “Ainda que se consiga mudar apenas a história de uma família atingida pela violência doméstica, valeu todo o trabalho feito”, afirmou, estimulando a equipe a prosseguir no intento de mudar a cultura da violência doméstica, através do futuro grupo reflexivo de Bayeux.
Participaram da capacitação os integrantes das entidades que coordenam a Rede Carolinas (que são o Serviço pastoral dos Migrantes do Nordeste - SPM/NE e do Centro de Mulheres Jardim Esperança): Juliana Pedro da Silva, José Roberto Alexandre Alves, Ricardo Rian Galdino, Maria Jucelina de Lima, Íris de Lima Silva e Diego da Silva Jacinto.