Projeto Refletir: MPPB forma quase 80 novos facilitadores de grupos reflexivos para homens 

 O Ministério Público da Paraíba está formando quase 80 novos facilitadores para atuar em grupos reflexivos para homens em situação de violência doméstica, no âmbito do “Projeto Refletir”. A capacitação aconteceu na manhã desta quarta-feira (24/08), por meio de videoconferência, com a participação de integrantes da rede de enfrentamento à violência contra a mulher de, pelo menos, seis municípios. O projeto foi gestado pelo Centro de Apoio Operacional (CAO) da Cidadania e Direitos Fundamentais, órgão do MPPB, e é executado por promotores de Justiça em todo o Estado.

A promotora de Justiça e ouvidora da Mulher, Dulcerita Soares Alves, que é gestora do Refletir, deu as boas-vindas aos participantes, destacando que é um número recorde de capacitandos entre os cursos já oferecidos pelo projeto. “Estou muito satisfeita em poder proporcionar essa capacitação junto ao CAO Cidadania, neste ‘Agosto Lilás’ – mês de conscientização pelo fim da violência contra a mulher, no qual também comemoramos 16 anos da Lei Maria da Penha. O número recorde de participantes só demonstra que estamos mudando paradigmas no enfrentamento à violência doméstica. Ainda temos muito a fazer, mas a semente foi plantada, pois teremos em breve muitos grupos do Refletir, nos municípios paraibanos”, disse.

A ministrante da capacitação, a advogada Marília Carvalho, contou sua experiência como facilitadora do Projeto Refletir. “O Refletir possui uma beleza singular, que é o fato de cada facilitador poder enriquecer os seus grupos de reflexão, com suas experiências, com base naquilo que carregam, com a sua história, com as suas experiências profissionais. É muito bonito isso. Por isso que eu digo que o Projeto Refletir, por mais que a gente tente explicar, é difícil com palavras dizer as transformações e as mudanças que ele promove. É rico e é tão transformador que só vivenciando para sentir realmente a energia e o poder dessa experiência. É uma honra sempre que eu recebo esses convites por saber que cada pessoa que me ouve e aprende com base nas minhas experiências vai ser instrumento também de combate e resistência à violência doméstica, levando para o maior número de pessoas a nossa voz. É incrível”, disse.

Depoimentos de participantes
A servidora do Tribunal de Justiça, Marília Amorim, disse que o projeto representa um avanço no enfrentamento da violência doméstica contra as mulheres no âmbito da Comarca de São João do Rio do Peixe. “Primeiro, porque nos fez compreender a importância de redimensionar o nosso olhar para o homem, autor da violência, oportunizando aos mesmos informações, reflexões, acerca do machismo tóxico, a igualdade de gênero, temáticas que estão diretamente relacionadas a violência doméstica. E segundo, porque vai nos possibilitar, enquanto rede de proteção, articular planos e ações concretas envolvendo todos os atores sociais de forma a reduzir a reincidência de crimes dessa natureza e, sobretudo, assegurar às mulheres sertanejas vítimas de violência o principal direito fundamental constitucionalmente garantido, que é o da Dignidade da Pessoa Humana”.

Já o assistente social e estagiário no CAO da Cidadania, Mário Meira Neto, um dos que participou da capacitação, falou sobre a importância do curso: “Participar dos momentos da capacitação, assim como dos encontros com os homens nos grupos reflexivos, é fundamental para me tornar um profissional que somará, qualitativamente, ações em equipe de modo a multiplicar os grupos reflexivos em outros ambientes como, por exemplo, em presídios e escolas com ações socioeducativas reflexivas que permitam pensar e repensar o papel do próprio homem no combate às formas de violência sofridas pela mulher. O MPPB, ao patrocinar as capacitações e os grupos reflexivos, reafirma sua função essencial de defesa dos direitos, sobretudo, o de viver com dignidade”. 

O projeto 
Entre os participantes estavam profissionais que atuam no enfrentamento à violência doméstica nos  municípios de São Bento, Cajazeiras, São Miguel de Taipu, Santa Rita, Cruz do Espírito Santo e Pocinhos, em promotorias de Justiça e também em órgãos e entidades que lidam com a temática. O Projeto “Refletir” foi criado no ano de 2018, no âmbito do MPPB, para promover uma reflexão em homens que respondem a inquéritos policiais ou processos judiciais ou que tenham sido submetidos à medida de proteção. São formados grupos que debatem as ações dos participantes, fazendo com que internalizem uma conduta de comportamento assertivo, não voltando a praticar os atos agressivos.