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“Sociedade deve ver o potencial da pessoa com deficiência”: evento discute visibilidade e inclusão

“A sociedade deve olhar pra pessoa com deficiência não pelo estigma, mas pelo potencial da pessoa”. A frase foi um dos pontos principais da roda de conversa ‘Mulheres com deficiência: invisibilidade e empoderamento”, promovida pelo Ministério Público da Paraíba nesta segunda-feira (21/09), Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência. O evento teve tradução em libras.

A roda de conversa teve como mediadora a promotora de Justiça do MPPB, Rosa Cristina de Carvalho e como palestrantes a professora doutora em Educação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Adenize Queiroz de Farias; a servidora pública municipal da Saúde e fundadora da ONG ‘Essas Mulheres’, Márcia Gori; e a coordenadora executiva do Fórum Paraibano de Luta da Pessoa com Deficiência, Carolina Vieira.

O evento foi promovido pelo Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa do Cidadão e Direitos Fundamentais do MPPB e organizado pelo Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf).

A promotora Rosa Cristina de Carvalho iniciou o evento falando sobre o simbolismo da data, criada por iniciativa dos movimentos sociais das pessoas com deficiência em 1982 e que foi oficializada pela Lei nº 11.133/05 (conhecida por “Lei Brasileira de Inclusão” ou LBI) para dar visibilidade à luta das pessoas com deficiência por direitos e contra a discriminação.

 

Roda de conversa

A roda de conversa girou em torno de temas como trabalho, educação, família, sexualidade e capacitismo a partir da própria experiências das mulheres. Adenize é mulher cega e tem experiência em inclusão escolar e social das pessoas com deficiência, foi gestora do Instituto de Educação e Assistência aos Cegos do Nordeste e falará sobre o tema ‘Gênero, deficiência, vulnerabilidades e superação de barreiras’. Márcia teve poliomielite quando era bebê, o que a deixou com pouca mobilidade nas pernas. Bacharela em Direito falará sobre sexualidade, inclusão e empoderamento da mulher com deficiência. Carolina, por sua vez, ficou paraplégica aos 23 anos, após sofrer um acidente de moto.

Sobre o trabalho, Carolina Vieira falou sobre a falta de adaptação dos ambientes de trabalho que causa exclusão das pessoas com deficiência. Ela ressaltou que existe a NBR 9050 que trata das normas de acessibilidade que muitas empresas descumprem. Márcia Gori complementou que existe uma falta de vontade do poder público e das empresas em torna os espaços acessíveis a todos, não só às pessoas com deficiências, mas também para idosos e pessoas com dificuldades de locomoção.

Adenize Farias apontou que pesquisas sobre empregabilidade já apontam desafios econômicos e sociais para a mulher devido à estrutura machista da sociedade e que para a mulher com deficiência essa situação é potencializada porque enfrenta o rótulo de incapaz.

Essa falta de estrutura se reflete nas escolas trazendo problemas para a educação. Conforme Adenize, dados do MEC mostram que apenas 5% dos professores brasileiros receberam alguma formação pra atuar com estudante com deficiência e que dos professores que atuam no Atendimento Educacional Especializado (AEE), essa porcentagem é de 42%.

Márcia Gori criticou o capacitismo (preconceito contra pessoas com deficiência) ainda presente. “As pessoas acham que não temos condições de fazer nada, que temos que ficar em casa”, disse. Para Carolina Vieira, a questão da educação inclusiva precisa ser desmistificada porque, apesar de existir uma legislação, o poder público acaba lidando de qualquer jeito e não cumprindo o que deve ser feito.

Carolina pontuou ainda que existem três tipos de pessoas com deficiência: a que está em casa, segregada; a que está em processo de reabilitação para galgar um grau maior; e a que já está reabilitada a partir de suas funcionalidades. Ela ressaltou que é necessário ter um olhar específico para cada perfil.

As palestrantes também destacaram a importância da família no processo de reabilitação. Carolina apontou que a família pode desarticular a inclusão e provocar o capacitismo. Já Márcia Gori pontuou que a família muitas vezes não está preparada para lidar com questão porque, de um lado, superprotegem a pessoas com deficiência, e de outro, as ignoram prejudicando o desenvolvimento de suas potencialidades. Isso acaba atingindo diversas áreas, inclusive na sexualidade e nos relacionamentos. “A mulher com deficiência quer sem sentir bonita, sair pra conhecer pessoas, namorar”, disse Carolina Vieira.

Adenize Farias destacou, por fim, que as leis brasileiras são muito boas, mas não suficientes. “A maior dificuldade é a sociedade que não consegue conviver de igual pra igual, que nega direitos, que discrimina, que gera barreiras. É preciso haver uma mudança de mentalidade. As pessoas precisam olhar pras pessoas com deficiência não pelo rótulo, pelo estigma, mas pelo potencial”..

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