Oficina, palestras sobre educação e maratona movimentam a primeira manhã do HackFest
Uma oficina, três palestras e dois painéis movimentaram o ‘IV HackFest + Virada Legislativa – por uma sociedade politicamente participativa’, na manhã desta terça-feira (17), na Estação das Artes, em João Pessoa. O evento promovido pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB), Controladoria-Geral da União (CGU), Tribunal de Contas do Estado, Câmara Municipal de João Pessoa foi aberto ontem pelo procurador-geral de Justiça e será encerrado no domingo, quando serão conhecidos e premiados os dez melhores trabalhos da maratona das trilhas tecnológica e legislativa.
A primeira oficina do evento foi ministrada pelo analista legislativo do Senado Federal, Edward De Oliveira Ribeiro, sobre “Introdução a Linguagem Python”. Segundo ele, trata-se de uma linguagem utilizada no mundo inteiro, inclusive por sites e redes sociais, como o YouTube e o Instagram, além de ser usada na comunidade científica em trabalhos que exigem grandes performances.
Duas das três palestras trataram do tema educação. A primeira foi ministrada pelo especialista em alfabetização e mestre em Educação pela Universidade de Coimbra, José Francisco de Almeida Pacheco e a segunda pelo professor de ética da Fundação Getúlio Vargas, mestre em Educação e PhD na área humana da gestão, Carlos Sebastião Andriani.
Pacheco destacou que os problemas e baixos indicadores educacionais no Brasil se devem, principalmente, a um paradigma e modelo de educação do século XIX, centrado na instrução, e que não atende às necessidades e realidade de hoje, produzindo um verdadeiro “genocídio educacional e intelectual”. Disse também que as normativas do Ministério da Educação e das secretarias de educação descumprem a lei e exigem de instituições como o Ministério Público e o poder legislativo um trabalho para mudar essa realidade. “De cada 100 alunos matriculados no ensino fundamental, apenas 11 chegam ao ensino médio. É preciso mudar o paradigma e a estrutura da escola. Escolas são pessoas e pessoas são valores. O modelo do MEC e das secretarias condena milhares de pessoas à ignorância. A situação mais absurda é o quadro normativo, que não muda”, criticou, defendendo a ideia de que a escola deve ser pensada como comunidade, o que requer uma nova construção social.
Carlos Andriani, por sua vez, falou que a educação é o antídoto para a corrupção e defendeu a importância da educação nos primeiros anos de vida da pessoa. “Valores e caráter se formam, basicamente, dos zero aos sete anos de idade, o que está vinculado à educação infantil, sob a responsabilidade de cada prefeito municipal. Se você não forma o caráter e valores na criança, vamos ter pessoas naturalmente corruptas. A causa primária da corrupção está aí e a sociedade brasileira trabalha a educação como treinamento e educação não é treinamento; educar é formar caráter”, defendeu.
A terceira palestra tratou do tema “transparência e contas públicas” e foi ministrada pela promotora de Justiça do MPDFT, membro auxiliar da Comissão Especial de Enfrentamento à Corrupção do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Luciana Asper Y Valdés.
Segundo ela o tratamento da epidemia da corrupção no país requer várias frentes, que devem coexistir e ter inovações. Em analogia ao sistema de saúde, a palestrante disse que ações de urgência e emergência devem ser feitas pelo sistema de Justiça, através da repressão, responsabilização proporcional ao dano causado e com a recuperação de ativos. Também deve haver ações “ambulatoriais”, como os controles interno, externo e social sobre os gastos públicos, para detectar os desvios de recursos públicos e favorecimentos. Como ações primárias voltadas à prevenção, ela defendeu a necessidade de “ativar o freio moral”, através da edução de valores como cidadania, integridade e intolerância à corrupção.
No final da manhã, foram expostos dois painéis sobre o combate à corrupção, tecnologia e desafios. O primeiro foi apresentado por Fernando Dias e Guilherme Viana sobre a ciência e a tecnologia como suporte ao trabalho do Ministério Público, para soluções de problemas, principalmente nas áreas do meio ambiente, segurança pública, planejamento e obras e finanças. O segundo painel foi apresentado por Fernanda Távora, Juliana Marques e Juliana Sakai, que falaram sobre a corrupção, enquanto prática mantenedora de desigualdades sociais, destacando o papel da tecnologia e da participação e do controle social para romper esse processo.
A programação do HackFest está disponível no site hackfest.com.br. Os trabalhos à tarde, serão retomado às 14h, com cinco painéis e quatro oficinas, além da maratona.