Hackfest promove oficina sobre a importância da transparência e da inteligência artificial no combate à corrupção
“Transparência pública e controle da corrupção”. Esse foi o assunto discutido por três especialistas no auditório 1 da sala de oficinas da terceira edição do ‘Hackfest contra a corrupção’, na manhã deste domingo (11), no Espaço Cultural de João Pessoa.
A oficina teve como mediadora a advogada e mestra em Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Thayse Dias. O promotor de Justiça e coordenador do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público paraibano, Octávio Paulo Neto, abriu os trabalhos, agradecendo aos participantes a presença no evento. “Hoje, vocês terão a oportunidade de conhecer o que existe de melhor, principalmente em relação ao espírito de perseverar. São três profissionais que perseveram e inovam no combate à corrupção”, disse referindo-se aos palestrantes.
A primeira a ministrar a palestra foi a promotora de Justiça do Ministério Público do Estado de Pernambuco, Andrea Nunes. Ela falou sobre a estratégia usada para provocar e incentivar a participação das pessoas nas discussões sobre o combate à corrupção: o romance policial intitulado “A corte infiltrada”, de sua autoria.
Segundo ela, o objetivo do trabalho é sensibilizar a sociedade sobre a importância do combate à corrupção, através dos mais diversos espaços. “Conseguimos isso quando percebemos, enquanto promotora de Justiça de combate à corrupção, que os espaços são restritos porque a gente fala o ‘juridiquês ’e a população fica um pouco alijada desse debate; ela não sabe o que está acontecendo nas discussões sobre as políticas públicas de combate à corrupção, como também não sabe as estratégias que o crime organizado está adotando para tomar o poder nesse país. Através de um romance policial chamado 'A corte infiltrada', a gente procurou inserir de uma forma lúdica essas informações para que as pessoas tivessem interesse e conhecimento para participar desse debate”, explicou.
Já o professor do curso de Direito da Universidade Federal da Paríba (UFPB), Gustavo Rabay, fez uma exposição sobre o funcionamento prático de ferramentas, mecanismos e experiências que utilizam a inteligência artificial para fazer o controle dos gastos públicos e dos atos políticos que envolvam corrupção. “O objetivo é criar e compartilhar outras ferramentas com o uso de inteligência artificial para um controle mais efetivo do que vamos chamar de ‘atos lesivos’, os atos de corrupção. A ideia é fazer um apanhado, mostrar na prática. Temos um inventário de ferramentas que já existem e queremos mostrar que isso é apenas o começo para um crescimento exponencial para outras ferramentas que traduzam uma lógica ou política de transparência radical que os cidadãos vão, daqui para frente, adotar. Com isso, a gente vai ter um controle maior da política e um controle social mais efetivo dos serviços públicos”, adiantou.
Por fim, o delegado da polícia federal, Fabiano Emídio, falou sobre a criminalidade praticada através da rede mundial de computadores, usando como exemplos sites que promovem crimes como lavagem de dinheiro, o tráfico de drogas e até a contratação de assassinos de aluguel. Segundo ele, os crimes cibernéticos se valem do anonimato da rede, do mercado negro e de ‘bitcoins’, a forma financeira que possibilita as transações. “O bitcoin é um programa de computador que cria na internet uma rede global de escrituração de transações financeiras descentralizadas, de livre acesso e transparente”, explicou.
Além de oficinas, 160 pessoas (entre maratonistas e 'coaches') que integram as equipes do ‘Hackfest 2017’ passaram a manhã deste domingo desenvolvendo as ferramentas tecnológicas para auxiliar no combate à corrupção. A divulgação das equipes classificadas ocorrerá no encerramento da edição, neste domingo à noite. Os vencedores da terceira edição do festival serão anunciados na segunda etapa, prevista para o próximo dia 18 de agosto.
À tarde, também vai acontecer a oficina que vai abordar a “Metodologia Hackfest”, com palestras das representantes do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud/ONU), Amanda Lima e Inalda Beder.