O Núcleo de Gestão do Conhecimento, órgão do Ministério Público da Paraíba (NGC/MPPB), vai disponibilizar, nos próximos dias, a versão beta de uma ferramenta desenvolvida para a transcrição de áudios e vídeos (speech-to-text ou STT). Nessa fase, os testes serão feitos por um grupo limitado de integrantes da instituição. Conforme o feedback e resultados, poderá ser utilizada por todo o público interno.
O objetivo do ‘Pandora Speech’, como tem sido chamado o projeto desenvolvido pelo NGC, é automatizar uma tarefa de rotina no MPPB, reduzindo o tempo e a carga cognitiva no registro de depoimentos e interrogatórios, de audiências judiciais e extrajudiciais, de mídias oriundas de diligências de busca e apreensão, bem como na geração de relatórios de interceptação telefônica ou ambiental, por exemplo.
"A disponibilização dessa e de outras ferramentas de inteligência artificial à atividade finalística é essencial para a melhoria dos indicadores de eficiência da instituição, permitindo que os membros concentrem-se mais na gestão dos seus casos do que em atividades laborais contraproducentes”, destacou o promotor de Justiça e coordenador do NGC, Octávio Paulo Neto.
O NGC identificou que a análise desse material probatório é essencial para a produção de peças processuais e que as soluções oferecidas pelo mercado para a transcrição desse tipo de conteúdo resultam em alto custo ou, no caso dos sistemas de código aberto e gratuito, ainda não atinge, um nível de qualidade suficiente para o seu uso institucional.
Como funciona
Para essa fase, a ferramenta de transcrição foi disponibilizada em ambiente virtual e é acessada por endereço específico fornecido exclusivamente aos usuários participantes dos testes. Faz-se o upload do arquivo de áudio ou vídeo a ser transcrito, a inteligência artificial faz o trabalho de transcrição, apresentando numa tela o resultado em texto, que podia ser copiado ou baixado como arquivos nas extensões ODT (texto), HTML (acesso interativo) ou OTR (utilizado em sistema que permite corrigir com mais facilidade).
Próximos passos
O promotor de Justiça Alberto Cartaxo, um dos gestores do projeto, afirma que, para que a ferramenta seja disponibilizada, o MPPB precisa fazer os ajustes que estão sendo identificados nessa fase de testes e realizar alguns investimentos em infraestrutura, como a aquisição de hardware.
"Será também mensurada a demanda de usuários pelo serviço e definidos critérios finais da integração ao sistema Pandora, para garantia de regras uniformes de autenticação, controle de acesso e tratamento de dados. Ainda serão implementados novos recursos à ferramenta, com destaque à integração com o Google Drive, que permitirá ao usuário enviar a mídia diretamente ao sistema, sem necessidade de download do arquivo e novo upload na aplicação web", apontou.